Enfim, escrevi pra caramba, sendo que só queria introduzir um pensamento que há algum tempo desejava compartilhar no blog: a enorme frustração que tenho por ter nascido em 1990 e não uns 50, 60 anos antes. Tudo bem, não é que eu não goste da minha vida, afinal, se não vivesse os anos 2000 nem poderia escrever nesse blog. E sei que não teria outras tantas facilidades. Mas, realmente, uma das coisas que pretendo entender nesta vida é porque nasci em 1990. Às vezes me sinto deslocada do tempo, analisando as coisas de longe, como se essa não fosse a minha realidade (entendeu aquilo de narradora onisciente e onipresente? É mais ou menos isto). Deve ser por isto que a História me atrai tanto. Só eu sei o quanto queria ter vivido os anos 50, 60 e 70. Acreditar na utopia, ansiar pela chegada do novo milênio, ter uma crença maior no Homem. Acho que hoje em dia não dá mais para ter a pureza que as cabeças jovens tinham naquele tempo. Sem contar que eu pegaria a ebulição da arte, pelo menos da popular, aqui no Brasil. Imagina eu batendo um papo na rede com o Caetano? Dando um pitaco nas letras do Vinícius de Moraes? Fazendo uma participação num filme do Glauber Rocha? E dando um mole para o bonitinho do Nelson Motta? Ai!
Mas aí eu acordo, estou em frente ao computador, ouvindo Beirut, esperando a final do Big Brother Brasil 10 e não sabendo como terminar o post. Acho que é porque não sei como a minha vida vai terminar... Vai ver, eu estou convivendo com os Glauber Rochas e Nelson Mottas do terceiro milênio e ainda não sei . Vai ver, nem a História sabe disso. Ainda. Enquanto isso, vou consumindo a maior quantidade de informações que tenho sobre aquela época dos meus sonhos. Quem sabe eu e a História nos encontramos um dia?
terça-feira, 30 de março de 2010
Eu não sou daqui
Hoje fui ao Museu da República. Tarde livre, com a companhia de um amigo culto, já tínhamos visto todos os filmes bons em cartaz... então fomos chegar perto de Getúlio. Para quem não sabe, o Museu da República, no Catete, foi a casa de Getúlio Vargas e de alguns outros presidentes do Brasil. Foi lá que o Vargas, na crise de agosto de 1954, se deu conta de que seria bem melhor para ele sair da vida e entrar para a história. E estava certo o velho. A suíte presidencial foi mantida tal qual estava naquele 24 de agosto, com os mesmo móveis, o mesmo telefone, o mesmo sabonete Phebo (quer dizer, isso do sabonete acho que é bom checar... não sei se um sabonete dura 56 anos, mesmo estando intacto)... a camisa do pijama do Vargas, suja de sangue (ele se deu um tiro no peito) e a pistola usada também estão expostas. Me senti dentro de dois livros - Agosto, do Rubem Fonseca e O homem que matou Getúlio Vargas, do Jô Soares - que "descrevem" a cena do suicídio. Senti um gostinho de narradora onisciente e onipresente. E mais ainda, me senti meio que participando da História. Não só lá, na suíte, mas também no salão de banquetes imaginei aquela gente poderosa que lemos nos livros de História ficando bêbada; os casaizinhos apaixonados, que mais tarde dariam prosseguimento às nobres linhagens brasileiras, admirando a lua na varanda; o Gregório Fortunato tramando a morte do governador Carlos Lacerda sentado num dos bancos do jardim...
*Post dedicado aos meus amigos utópicos como eu.
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5 comentários:
ah, palácio do catete, legal, a porta da minha sala vem de lá. agora vc vai dar mais valor a ela, né? hahaha imagina getúlio entrando por ela em vez d vc!
eu tb viveria no passado... mas acho q ia gostar mais dos anos 20, 30... quando as pessoas eram finas. ahahaha ou do século XVII, adoraria viver numa corte. adoraria viver em versailles. não sei por quê, são épocas que me atraem muito...
muito bonito. eu tenho um pouco de vontade de ter vivido no passado, mas não tanto. pelo menos nesse ponto minha nostalgia é mais terrena. já vc não, é a saudade do que não viveu. bonito isso
hahahahahahahahahahaahahahaha olha essa foto!!!! tá um desbunde!
É, engraçado, eu também sempre quis ter vivido uma época diferente, sempre fui fascinado pelos filmes de cowbois, aqueles cavalos, e principalmente aquelas aventuras de conquistas como a corrida do ouro. Acho que você tem mesmo a quem puxar. Talvez esteja aí a razão de querer viver uma outra época, afinal corre em nossas veias o mesmo sangue. Bjs
Adorei a foto do yearbook, Miss Capobianco.
Aliás, o Palácio do Catete respira história. É um daqueles lugares que ficaram impregnados pelo poder. Tenho um pouco de curiosidade familiar pelo lugar, já que meu "biso" praticamente viveu ali por 20 anos, primeiro como Ministro da Viação e Obras Públicas e depois como Chanceler.
Bem, JK ao menos fez uma coisa certa - ainda que involuntariamente. Imaginem Lulinha & Cia. compurscando os jardins do Barão de Nova Friburgo...
Aliás, adorei a escolha de livros. Agosto é genial e o "O Homem que matou Getúlio Vargas" é engraçadinho. :-)
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