Pluviofobia

- Marcela, você tem pluviofobia.

Achei que era mais uma das invencionices de palavras que o outro dono desse blog inventa. Mas o termo ficou martelando na minha cabeça e eu recorri à querida Wikipedia para saber se ele realmente existia. E existe.

"Pluviofobia é um distúrbio relacionado à chuva. Os portadores deste raro distúrbio têm medo incontrolável da chuva ou de se molhar nela.", diz a Wikipedia.

Aí eu pude perceber que eu não tenho Pluviofobia, assim, do jeito que definiram. Acho que o meu caso não é tão raro (até porque eu herdei da minha mãe) e o meu medo não é da chuva em si, quanto mais de me molhar nela.

Eu tenho medo, medo mesmo, daquele de arrepiar cada partezinha do corpo, de trovão. E pânico, daqueles que paralisam alguém, de tempestade. Mas tempestade mesmo... que provocam enchentes e essas coisas que agora a gente tá vendo direto na televisão.

Então, tirando o trovão, eu acho que tenho mais medo do que a tempestade proporciona, e não da chuva caindo. Penso: "Será que vou poder voltar para casa?". E quando estou em casa penso: "Ai, graças a Deus tô em casa, que bom, vou pra debaixo das cobertas abraçando minha almofada favorita. E... será que vai ter outra tempestade dessas amanhã? Aaai, e se eu estiver na rua?". Sempre dou um jeito de sofrer por antecipação.

Falando em sofrimento por antecipação... Naqueles dias em que está um calor absurdo e sinto que há uma probabilidade mínima de cair uma daquelas chuvas que são muito minhas amigas, eu sofro muito na hora de escolher um sapato. Havaiana nem pensar. Rasteirinha também não. Sobra o tênis. Mas não aquele novo. Aí acabo saindo com o tênis mais velho e feio que tenho e... não cai uma gota de chuva durante o dia. Não preciso nem dizer que é justamente quando eu falo "Ah, hoje não chove" e saio de sandália rasteirinha que maldita da tempestade vem. E me faz ter mais medo e mais ódio de mim mesma.

É claro que esse meu disturbiozinho não foi adquirido à tôa. Já passei por umas três ou quatro péssimas experiências em que eu estava na rua e a água da enchente batia no meu joelho. Não tinha como ir, nem como voltar... só rezar. Então eu acredito que não seja tão maluca assim. Trauma é trauma. E juro que eu não sei se o medo é tão irracional como meus amigos acham. É tanta desgraça que acontece por causa de chuva, né?

Já pensei em fazer terapia para me curar, porque é uma coisa que vem me atrapalhando. Muitas vezes ouço um avião passando perto, acho que é trovão e quase tenho um ataque de nervos se estou na rua. E quando é realmente um trovão e eu não estou em casa, perco completamente a capacidade de concentração no que quer que esteja fazendo.

Não sei o quanto isso ainda pode me prejudicar... e não sei se vai chegar uma hora em que eu não vou mais aguentar conviver com o pânico. Quem sabe aí eu procure uma ajuda terapêutica. Por enquanto vou diminuindo o terror ao escrever - e botar para fora - e ao contemplar os lindos dias de céu clarinho e temperatura amena.