segunda-feira, 10 de maio de 2010

A ambulantis-metamórfica

Raul Seixas, como todo louco, era um gênio. Ou, se você preferir, como todo gênio, era um louco. Estou falando disso porque outro dia me ocorreram uns pensamentos, e pensei em seguida que eles poderiam ser transpostos pro blog, e agora, pensando em como começar a escrever, lembrei de uns versos do Raulzito. É, você pode achar que eu não estou sendo nada criativa, porque os versos que pensei são exatamente aqueles manjadinhos: "Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo." Mas peço humildemente a você, já que já começou mesmo, que prossiga a leitura do post.
Onde eu estava...? Ah! Os meus pensamentos de outro dia e a metamorfose ambulante. Sei que tem um pessoal que se auto-define como uma nos orkuts da vida, mas eu arrisco dizer que não sei se esse pessoal realmente sabe o que é uma metamorfose ambulante. Arrisco, mais ainda, dizer que nem eu mesma, que estou me definindo agora como uma, sou de verdade. Porque a única verdade para mim é que tudo muda, o tempo todo. Opa, acho que este foi um pensamento bem metamófico-ambulante, vai ver eu realmente sou uma.
Naquele tal dia que eu parei para pensar um pouco, resolvi me ater ao presente. Como já revelei aqui, sou muito utópica...e me sinto mais confortável pensando no futuro. Mas no tal dia, aconteceu que pensei no presente e vi que algumas, muitas, quase todas as utopias que eu havia, no passado, planejado para esse futuro, não se concretizaram.
Eu nunca, nunca, nunca - no meu passado de criança até mais ou menos 17 anos - quis ser jornalista. Primeiro quis ser atriz, depois quis ser estilista, depois cantora de dupla teen (sim, estilo Sandy & Jr), depois atriz de novo, teve até uma época em que cogitei ser professora de história, mas "garrei" mesmo no desejo de ser atriz. O jornalismo aparecia como um mero subterfúgio que eu talvez encontraria se a carreira artística não desse certo - mas esta possibilidade era muito remota. Eu com meus doze, treze anos, imaginava que aos vinte já teria estrelado umas 6 peças, uns musicais, umas novelas - com papel de destaque, claro - e talvez uma minissérie de época. Achava que aos vinte e dois encontraria o amor da minha vida, aos vinte e quatro teria o casamento dos sonhos - devidamente documentado por revistas chiques, aos vinte e seis, a primeira gravidez e a última, a terceira, seria com, estourando trinta e um. Depois disso, eu não arriscava imaginar, já seria quase uma velha coroca.
E cá estou eu, no presente, com vinte anos e nenhum destes planos concretizados. Graças à Deus! E me sinto agora tão madura por poder expor essas coisinhas que eram tão íntimas pra mim naquele tempo, que eu não ousava comentar com ninguém... e o melhor de tudo, não me arrepender de nada da minha história concreta.
Acho que já falei aqui, mas vou repetir, nada melhor do que deixar a vida levar... e nada leva os "problemas" tão suavemente quanto a vida leva.
Tudo o que eu mais detestaria hoje em dia seria ser uma "mini,micro ou pseudo-celebridade", sem nunca ter frequentado uma faculdade, e com só dois anos pra curtir a vida de solteira.
Acho que tenho que agradecer muito aos meus pais pela serenidade com que me educaram e não me deixaram ter feito essas maluquices. Agora não trocaria meu presente por nenhuma utopia - a não ser se pudesse voltar no tempo, antes de ter nascido, mas isso já é papo de outro post -, mas não descarto a possibilidade de, daqui a alguns anos, me arrepender do que vivi e querer escrever uma outra história para mim.
Acho que pode ter sido bem confuso para você entender tudo o que escrevi aqui... Mas agora peço outra licença para apelar para mais uma frase clichê de outra gênia-louca, agora Clarice Lispector: "Não se preocupe em entender. Viver facilita todo o entendimento".

foto: GettyImages

5 comentários:

João Miller disse...

entender é precipitar. e as vezes precipitar é planejar demais. e planejar demais é não viver. mas crianças planejam demais. e as crianças maduras somos nós, que vemos hoje a nossa vida tão diferente do que imaginávamos no passado.
me colocando no passado, acho o futuro tão mais interessante do que eu imaginava. agora à parte minha bolha nostálgia, saudar o passado sim mas voltar seria tão chato com a maturidade de hoje. e viver o amanhã com a maturidade de hoje seria tão decepcionante como uma marcelinha do passado um dia imaginou e todos nós estamos imaginando nesse exato momento...

Carlos Pinto disse...

Olha vou ser franco. Entendi mas não compreendi, portanto deixa a vida seguir não é mesmo. Fico feliz por pensar assim. Uma vez não sei se vc lembra, eu escrevi.: Marcela é dessas pessoas que nasceu para brilhar, e estava certo, vc pode não achar, mas está brilhando muito, mas muito mesmo, nem que seja de orgulho nos corações do seu pai e mãe, pode ter certeza disso. Vai, segue a vida e deixe que ela te siga. Bjs

mariana disse...

é, tudo muda mesmo. e tem vezes q vc morde a língua.
qd eu era menor, dizia q queria ser juíza. lembro até q a rajenda achava q era juíza d futebol. depois mudei d ideia, resolvi ser estilista, jornalista de moda, trend-hunter, arquiteta, até q, um belo dia, resolvi d novo fazer direito. e assim fiz. e entrei dizendo q queria ser advogada, q não faria concurso nem q minha vida dependesse disso, mt menos pra juíza. e aí... virei estagiária num escritório. uma mini-advogada, só q ainda não formada. e aí, imagine só, eis q resolvi q não é nada disso q eu quero pra minha vida, e q na verdade eu quero fazer concurso. pra defensora. ou, quem sabe, até...
... pra juíza.
como dito, há vezes em q vc morde a língua. ou, usando uma outra frase-brega-clichê-de-orkut, cuidado com seus sonhos, pq eles podem se tornar realidade.

João Miller disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Carol Oliveira Castro disse...

Ei ja tinha lido esse post, mas ao ler denovo me lembrei de um conversa que a gente teve.. nessa epoca sobre isso .. de nada do que a gente planejou funcionou.. e ainda bem .. Planejar milimetricamente a vida é muito coisa de criança e de uma certa forma é importante, assim aprendemos a nos organizar e entendemos q o futuro começa agora... mas não acontecer é incrível porque nos descobrimos de tal maneira... enfim, amei o texto, entedi tudo e assino em baixo...=)
mas a propósito em 2016 te encontro na maternidade !! hehe

LinkWithin

Related Posts with Thumbnails