Quando chega aquele junho frio com cheiro de bombinha, das duas uma: Copa do Mundo ou Festa Junina. É, porque na copa ninguém quer saber de São João. É como se ele não existisse a cada quatro anos. Os brasileiros só querem saber do santo futebol, tão sagrado que devoção nenhuma se iguala. Até os mais desinteressados vestem verde amarelo e saem dos seus habituais programas pra se envolver nessa coisa tão única que são os jogos do Brasil. O futebol que dá orgulho de se ver. Bem, só que esse ano não tem sido tanto assim. A expectativa do primeiro jogo contra a Coréia do Norte foi deliciosa. O jogo foi insuportavelmente burocrático. Já no segundo jogo minha expectativa foi suspensa pelo pessimismo. Entretanto o resultado foi quase como todo torcedor brasileiro espera. Ainda assim, um jogo sofrido que noutros tempos seria mais um chocolate "artesanal". Bom, à parte análises técnicas (o quê de fato não é meu forte) torço e acredito que o Brasil possa vencer a copa. Mas não gosto nada de futebol-resultado!
Estive lendo um livro sobre o futebol pra faculdade, que abordava interessantemente essa dualidade do esporte no mundo. O futebol-força e o futebol-arte. O primeiro, seria a prosa, o futebol estratégico e defensivo. Ou seja, o futebol europeu. Já o segundo seria a poesia, o futebol criativo, imprevisível e ofensivo. O futebol sul-americano, mas especificamente, o futebol brasileiro. Nessa copa a gente tá vendo o futebol-resultado, que não brilha mas traz a taça. Uma dose de cada um dos dois. O modo de futebol que o Dunga gosta e que é tão chato de se ver. Acho que não só com o Brasil, mas a maioria dos jogos dessa primeira fase da copa têm sido nesse molde: baixa média de gols.
Isso tudo tem um pouco a ver com aqueles estudos pessimistas sobre modernidade, que dizem que a tendência do homem de hoje é se proteger mais e arriscar menos. O homem tende a ficar cada vez mais em casa. Uma metáfora talvez incerta mas apropriada pra esse estilo de futebol que estamos vendo nesse jogos. Ainda assim, como explicar tantas zebras. A derrota da Espanha, da Alemanha, o empate da Itália, o vexame da França. Talvez estejamos passando por uma modificação na maneira de jogar futebol. Ou talvez os países sem tradição estejam se aprimorando. Só sei que quero esperar o fim da copa pra ver se esses meus pensamentos viajantes estão errados. Pode ser que eu esteja complicando tudo, pode ser que a culpa seja só a Jabulani.
Estive lendo um livro sobre o futebol pra faculdade, que abordava interessantemente essa dualidade do esporte no mundo. O futebol-força e o futebol-arte. O primeiro, seria a prosa, o futebol estratégico e defensivo. Ou seja, o futebol europeu. Já o segundo seria a poesia, o futebol criativo, imprevisível e ofensivo. O futebol sul-americano, mas especificamente, o futebol brasileiro. Nessa copa a gente tá vendo o futebol-resultado, que não brilha mas traz a taça. Uma dose de cada um dos dois. O modo de futebol que o Dunga gosta e que é tão chato de se ver. Acho que não só com o Brasil, mas a maioria dos jogos dessa primeira fase da copa têm sido nesse molde: baixa média de gols.
Isso tudo tem um pouco a ver com aqueles estudos pessimistas sobre modernidade, que dizem que a tendência do homem de hoje é se proteger mais e arriscar menos. O homem tende a ficar cada vez mais em casa. Uma metáfora talvez incerta mas apropriada pra esse estilo de futebol que estamos vendo nesse jogos. Ainda assim, como explicar tantas zebras. A derrota da Espanha, da Alemanha, o empate da Itália, o vexame da França. Talvez estejamos passando por uma modificação na maneira de jogar futebol. Ou talvez os países sem tradição estejam se aprimorando. Só sei que quero esperar o fim da copa pra ver se esses meus pensamentos viajantes estão errados. Pode ser que eu esteja complicando tudo, pode ser que a culpa seja só a Jabulani.
foto: GettyImages
5 comentários:
é, futebol-resultado é feio, mas arte pela arte também enche um pouco o saco... imagina ser espanhol nesse momento: o time joga lindo, maravilhoso, não erra um passe e... não consegue fazer gol. do jeito q joga, era d se esperar q não tivesse levando sufoco pra se classificar. então, é por casos como a espanha q eu não reclamo tanto do dunga ter resolvido brincar d futebol-resultado nessa copa. até pq, se ganhar, ninguém vai nem mais lembrar se jogou bonito ou não. por outro lado, se jogar o futebol mais lindo do mundo e perder...
Culpa do Modo. João seu título foi muito bom. Muito mesmo! Tanto que comentei.
"Isso tudo tem um pouco a ver com aqueles estudos pessimistas sobre modernidade, que dizem que a tendência do homem de hoje é se proteger mais e arriscar menos".Não só ao futebol aplicam-se esses estudos, embora é nele que depositamos nossa frustração com o estilo defensivo de se jogar o jogo (ou de se viver a vida).
Foi, entretanto, por um acaso que vim parar aqui e "arrisquei" comentar neste blog - após ter acessado ao blog da Cia. de Teatro do Sr. Cosme - e como eu fui parar lá? Não me pergunte... curiosidade talvez.E que bom! Bom texto.
futebol-resultado é muito entendiante... e acaba que chama bem menos a atenção do que um jogo bonito e sem vencedores.
mas acho que a Jabulaaaaniiiii tem culpa, sim! eu hein!
excelente o título hein! li copa do mundo de primeira... mas em relação ao post, essa copa tá muito das zebras, nunca vi todas as seleções sul-americanas se classificarem para as 8as e a europa dar um show de erros. vai dar BRASIL, se a jabulani quiser.
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