segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Aqui jaz uma rede social

Há quanto tempo você não manda um scrap?
Eu nem sou capaz de me lembrar. Mas, se você me perguntar há quanto tempo eu não comento em um status de algum amigo no Facebook, vou responder sem pestanejar: há menos de 10 minutos.
Quem diria, naquele que agora parece longínquo ano de 2004, que eu assistiria à morte do Orkut. Aliás, à morte, não. Ao esquecimento, que, para mim, é pior do que a morte. E, como já cantaram Chico e Zizi, pior do que se entrevar, mas não pior do que a saudade. E saudade é o que eu não sinto daquele site que marcou meu début nas redes sociais. Lembro como se fosse ontem da minha resistência, aos 14 de anos, de fazer um Orkut. Perguntava para o que servia, e os amigos que já tinham uma conta não sabiam direito o que responder. "É legal, você pode participar de comunidades do tipo 'Punky, a levada da breca'; pode mandar recados para pessoas que moram longe; pode colocar 12 fotos num álbum que todo mundo vê; pode ter fãs e ganhar uns gelinhos que mostram o quanto você é cool", diziam os já inseridos virtualmente. Como a curiosidade sempre foi traço marcante da minha personalidade, pouco tempo depois eu já estava metida e entendida do tal do Orkut. Acompanhei o seu desenvolvimento. A época em que era status ter muitos scraps, a época em que era status apagar os scraps, participei de inúmeras comunidades (e depois diminuí o número delas porque resolvi adotar um estilo blasé na web), vi a quantidade de fotos num álbum passar de 12 para 100 (ou não vi, porque nessa época já podíamos escolher se as fotos seriam mostradas para todos do Orkut ou só para os nossos amigos), vi a galera "se transformando" em bonequinho virtual só para paquerar ou dançar a dança do coelho da páscoa e pude acompanhar, também, a inserção tecnológica do meu próprio pai numa rede social. Sem contar que passei por aquela polêmica reformulação que fizeram no ano passado - ou foi este ano? - que, desconfio, contribuiu bastante para a derrocada da rede social.
Se hoje eu resolver acessar o meu perfil do Orkut, tenho certeza de que não vou encontrar nenhuma novidade. Na minha página de recados devem pipocar desenhinhos e mensagens coloridas desejando uma boa semana enviados por pessoas que nem me cumprimentam na rua.
Com meus 15, 16 anos, achava impensável uma vida sem Orkut. Agora, quatro ou cinco anos depois, ele simplesmente não está mais na minha vida.
E a nossa separação não doeu, foi fluída, até porque tive um tal de microblog e uma rede social gringa que, sem eu nem perceber, conquistaram meu coração internético.
Ainda não tenho coragem de deletar completamente minha conta do Orkut. Afinal de contas, muitas emoções vivemos nestes seis anos. Quase todos os meus recados e deliciosos depoimentos ainda estão lá, para que eu possa consultá-los nos momentos de nostalgia. Talvez, um dia, eu delete meu Orkut. Assim como agora sei que posso deletar, um dia, meus acessos ao Facebook e ao Twitter. Se posso dizer que aprendi alguma coisa nesses anos de convívio intenso com a internet, é que nada é para sempre. Ainda mais no mundo virtual.

5 comentários:

João Miller disse...

eu ia até fazer um post do orkut, mas vc chegou primeiro. e com classe =)
vc disse tudo. e eu fico triste com o fim do orkut. é como se ele estivesse na UTI. e lá se vão lembranças maravilhosas de adolescentes, como quando receber um depoimento era um momento único de prazer aonde amigos viravam poetas. era fantástico também participar de comunidades, e mais fantástico ter milhares delas. poxa, e pensar que esse ano não vou receber mais de 10 scraps de aniversário e que isso só tende a acabar. assim como os amigos só tendem a sumir, e migrando pro facebook, deixam de lado essa tão tradicional corrida pela amizade.
mas é como vc disse, essa reformulação do orkut só adiantou sua morte. eu achava mesmo que ia ter orkut pra sempre, ficava até imaginando meu álbum com fotos dos meus filhos, e ficava pensando nas frases bonitas que futuramente iria botar no perfil.
bom, acho que por aqui me despeço do orkut, já que não posso me despedir dele pessoalmente. não vou deletá-lo, vou esperar ele se esvair lentamente. e só lembrar que o orkut chegou há 6 anos modesto e carismático, descobrindo aos poucos o mundo das redes sociais. o facebook esperou o orkut errar pra acertar em tudo.

engraçado dizer isso, mas vou contar muitas histórias de orkut para os meus netos, quando ele já não existir mais...emociono-me

Tom disse...

Acho que vocês estão exagerando. No Brasil, o Facebook só tem penetração no nosso mundinho PUC mesmo. Sério. Mesmo com o crescimento vertiginoso do FB nos últimos 12 meses, o Orkut ainda responde por 85% do mercado de redes sociais no Brasil.

E, embora eu mesmo agora o use muito pouco, é inegável que a funcionalidade de comunidades do Orkut é mil vezes melhor do que o equivalente no FB.

Por fim, a Google não é boba. Nada dela fica parado muito tempo...

Marcela Capobianco disse...

eu sei disso, tom... mas é que o orkut acabou pra mim. aí quis fazer um texto meio nostálgico, pra marcar a minha experiência =)

Anônimo disse...

Ah, nao, tom, eu estudo numa faculdade q tem cotas e todos os meus amigos tem facebook.comeca assim, aos poucos as pessoas vao abandonando. Eu nao mando mais scrap p ngm, nem para meus primos de sp ou salvador, pq sei q ngm vai ver.
Mas na verdade entrei aqui pra dizer q o facebook enterrou tb meu msn. Todas as pessoas q eu falo tao sempre no chat do facebook....

Anônimo disse...

Ah, esse anonimo acima foi melry.

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