Pra variar eu lembro bem. Eu estava na quarta série me despedindo de mais um dia 'cansativo' de aula, época em que minha mãe já começava a deixar eu voltar pra casa sozinho ou com os colegas de sala que moravam no bairro. Devia ser agosto, setembro, sei lá. Só lembro de ter avistado no alto um livro diferente, sendo suspenso pela mãe de um amigo que conversava com a professora, cruzando a voz na fileira de crianças que deixavam o colégio. Era um livro novo e ela falava que o filho tinha ganhado numa promoção do Jornal do Brasil, ou coisa assim, e recomendava aos filhos de todos os pais que passavam. Foi a primeira vez que eu li o nome Harry Potter em algum lugar, e eu não sabia que história era aquela. Tinha dado pouca bola até.
Impressionante foi que no dia seguinte já se comentava tudo a respeito desse livro na sala de aula. Alguns já o tinham, outros não se interessavam muito por ler. Mas o melhor foi que a tradicional feira de livros estava prestes a ser montada no meu colégio. Eu nunca tinha visto coisa igual. Eram dezenas de exemplares desse 'Harry Potter e a pedra filosofal' espalhados pela estante, e naturalmente alunos de séries acima cercavam essas prateleiras não dando muita chance para os menores como eu. Outro dia porém, voltamos à feira em horário de aula, o que significava que os livros estavam a dispor exclusivo da minha turma. Fui direto à procura de um exemplar e comecei a ler enquanto a maioria reservava milhares da coleção "Pedra no Caminho" e "Salve-se quem puder". Eu reservei desses também, mas foi a primeira vez que eu me perdi na viagem de um livro sem figuras. Comprei logo depois, e já estava em casa metido na leitura de novo. Em dez dias terminei de ler meu primeiro livro com mais de 200 páginas.Mais pro fim do mesmo ano ganhei de Natal o segundo e o terceiro livro da série num período em que o mundo só falava de Harry Potter. Eu e e as pessoas da minha idade tinham o prazer de sentir-se da mesma idade do protagonista. Em determinado momento eu até tomava cuidado para não estar mais novo ou mais velho que ele, tanto é que tardei até me sentir apto para ler o terceiro livro, somente completados 13 anos de idade, tal qual Harry. Então foi sabido que em breve o livro ia virar filme, o que motivou mais pessoas a começarem a ler a história depois de sair do cinema. Via amigos meus viciados em leitura, aqueles que eu jurava que nunca iam ler na vida. E outros resistentes que insistiam em dizer que esperariam sair os outros filmes pra continuar a saber da história.
Harry Potter foi um tiro certo. Toda criança sonha com poderes mágicos, com vidas secretas iguais a de seus heróis favoritos. A partir de então uma legião de meninos e meninas fissurados pela história desejaria receber uma carta por coruja e contar secretamente aos seus pais que teria que passar um tempo fora. Isso se já não fazia de seu lápis ou qualquer outro instrumento uma varinha de condão, tentando movimentar objetos ou transformá-los em vão, dada a ansiedade dessa coruja que não chega. Usar oclinhos de vovô era in, um pouco menos do que tentar ferir a própria testa com a unha, formando um raio. Ainda assim nenhuma das vassouras da sua mãe era tão ergonômica quanto a Nimbus 2000.
Mesmo mais tarde,na adolescência, agora já desacreditado em receber uma carta de Hogwarts, não me negava em ler novamente os livros antes de ver o próximo filme a ser lançado na ocasião. Mesmo quando uma social na casa de alguém parecia ser mais interessante do que assistir na estreia. E não precisávamos ser nerd para isso, nem mesmo ir vestido de Grifinória aos 17 anos para a sessão de cinema.
Hoje, depois de 11 anos, eu já com fiapos de barba tardia pelo rosto, esperando me formar logo, já tenho meu ingresso garantido para a última estreia sexta. Nenhum problema nisso. Só que já faz tempo que não temos a mesma idade. Por um lado é bom que ele pare tudo aos 17, antes que prefira seguir a vida inteira crescendo com seus leitores e espectadores, quando esbanja em resolver tudo com a varinha. Por outro lado quem não cresceu com Harry Potter com certeza vai ler muito menos do que uma geração inteira que preferia só jogar videogame e alimentar seu tamagotchi. E que de uma hora pra outra estava trancada no seu quarto lendo páginas e páginas sem fim. Tem qualquer coisa de mágica mesmo.
(O plug in "curtir" está com defeito. Se realmente curtiu o texto, porque não comentar "Curti" por enquanto? Viva a organicidade.)
Harry Potter foi um tiro certo. Toda criança sonha com poderes mágicos, com vidas secretas iguais a de seus heróis favoritos. A partir de então uma legião de meninos e meninas fissurados pela história desejaria receber uma carta por coruja e contar secretamente aos seus pais que teria que passar um tempo fora. Isso se já não fazia de seu lápis ou qualquer outro instrumento uma varinha de condão, tentando movimentar objetos ou transformá-los em vão, dada a ansiedade dessa coruja que não chega. Usar oclinhos de vovô era in, um pouco menos do que tentar ferir a própria testa com a unha, formando um raio. Ainda assim nenhuma das vassouras da sua mãe era tão ergonômica quanto a Nimbus 2000.
Mesmo mais tarde,na adolescência, agora já desacreditado em receber uma carta de Hogwarts, não me negava em ler novamente os livros antes de ver o próximo filme a ser lançado na ocasião. Mesmo quando uma social na casa de alguém parecia ser mais interessante do que assistir na estreia. E não precisávamos ser nerd para isso, nem mesmo ir vestido de Grifinória aos 17 anos para a sessão de cinema.
Hoje, depois de 11 anos, eu já com fiapos de barba tardia pelo rosto, esperando me formar logo, já tenho meu ingresso garantido para a última estreia sexta. Nenhum problema nisso. Só que já faz tempo que não temos a mesma idade. Por um lado é bom que ele pare tudo aos 17, antes que prefira seguir a vida inteira crescendo com seus leitores e espectadores, quando esbanja em resolver tudo com a varinha. Por outro lado quem não cresceu com Harry Potter com certeza vai ler muito menos do que uma geração inteira que preferia só jogar videogame e alimentar seu tamagotchi. E que de uma hora pra outra estava trancada no seu quarto lendo páginas e páginas sem fim. Tem qualquer coisa de mágica mesmo.
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4 comentários:
Bem, eu já vi o filme. Eu comando o Brasil.
Harry Potter faz parte da vida, da infância, das férias... e por mais que escrevam histórias de vampiros - chatos- que estão bombando, nada vai se comparar ao que foi HP! :(
quase chorei. falou muito sobre mim, praticamente a mesma coisa, tirando que o meu pai me deu a câmara secreta antes dos outros e bla bla bla...
"foi a primeira vez que eu me perdi na viagem de um livro sem figuras." - exatamente!
na verdade acho que vou sempre crescer com o Harry Potter... e esperando o momento de dar o primeiro para meus filhos lerem. muita catarse
Ainda me lembro vagamente de quando vi o livro Harry Potter pela primeira vez. Foi na livraria Siciliano, no segundo andar do shopping tijuca. Lembro que a vendedora recomendou ele... segundo ela, Harry Potter era um livro de muito sucesso lá fora, e que com certeza eu iria amar.
Na mesma noite, quando fui deitar, li as primeiras páginas da saga. Marcante. Está até hoje na minha memória. Mesmo depois de 10 anos aproximadamente.
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