segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Relatos de um Rock in Rio

Eu nunca achei que, um dia, assistiria a um show do Iron Maiden. Também nunca me passou pela cabeça que essa experiência seria poucos dias depois de ver Beyoncé no palco. Trabalhei em seis dos sete dias de Rock in Rio 2013 - pois é, não vou poder falar para os meus bisnetos que zerei o quinto festival e, pelo menos por enquanto, o Metallica continua na lista dos shows improváveis da minha vida. Se na vida a gente tem que ter história para contar, nos últimos dois finais de semana eu colecionei um bocado delas. Hoje curti uma ressaca não-alcoólica. A segunda-feira ficou com cara daqueles domingos em que parece que um caminhão passou por cima da gente. Não saí de casa, fiquei longe dos tênis e percebi o quanto foi cansativo. Lá, o cansaço nem aparecia porque, aos primeiros sinais, era rebatido prontamente com um copão de coca zero. E olha que eu nem bebo refrigerante...  Jornalista tem vantagens. Eu não enfrentava filas para entrar, usava banheiros limpíssimos, tinha comida ao meu alcance a qualquer hora, furava fila nos brinquedos - como não sou doida, nem cheguei perto da tirolesa, a atração mais procurada, que chegava a ter uma espera de 6 horas -, e podia até fazer massagem. Por outro lado, eu precisava chegar cedo, rodava toda a Cidade do Rock incontáveis vezes a cada dia, derretia ao sol da Zona Oeste e levava patadas na área VIP, enfiada em um colete laranja superchamativo. As patadas nem foram muitas, mas suficientes para colocar certos artistas numa espécie de listinha negra particular. Conheci jornalistas de vários lugares do mundo, descobri fãs alucinadas que perderam o sapato para conseguir um bom lugar em frente ao palco principal, dei voz a ambulantes que carregavam quilos de mercadoria para ganhar uma miséria no fim da noite, masquei muito chiclete, me entupi de cachorro-quente, vi a Cidade do Rock dos ângulos mais loucos possíveis - no looping da montanha-russa e no topo do turbo drop, o famoso kabum. Ah! Até conferi uns shows... De Ivete Sangalo a Kiara Rocks, passando por Jota Quest. E de Justin Timberlake a Slayer, com uma paradinha para ver George Benson. Que salada! Falando em mistura, que bom que no Rock in Rio existe uma coisa chamada Palco Sunset. Não tem camarote, fica todo mundo misturado, e as experiências musicais são fascinantes. Nem todas, é claro. Mas eu tive o privilégio de assistir a uma homenagem a Novos Baianos. Pepeu e Moraes tocando juntos - com o luxuoso auxílio de Didi e Jorginho Gomes, que também fizeram parte do grupo e de Davi Moraes, que tem tudo aquilo no DNA. Roberta Sá fez as vezes de Baby Consuelo e segurou a onda. Ela ainda foi fofa ao estampar uma foto da mãe de Sarah Sheeva e companhia no maiô que usou no show. Me esbaldei! No fim, a credencial de imprensa ainda me deixou bater um papinho rápido com o célebre guitarrista e tirar uma foto com ele! Quase me senti nos anos 70, mas tinha um celular na mão e tratei de ir trabalhar, afinal, era para isso que eu estava lá. Estou cansada, mas acho que vou sentir saudades. Em 2015 tem de novo!     

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