quinta-feira, 17 de julho de 2014

Uma Copa no quintal de casa

Foi tudo muito rápido. Tão rápido que eu mal pude acompanhar os fatos. E isso para uma jornalista é um quase um xingamento. Mas é a verdade... Só hoje parei e lembrei que precisava completar minha tabela da Copa do Mundo. Tinha parado lá nas quartas de final e, claro, recorri ao Google para relembrar os resultados dos jogos, que já tinham virado poeira na minha cabeça. Confesso que não precisei olhar na internet o resultado do jogo do Brasil com a Alemanha, na semifinal. Esse vai ficar por muito tempo na memória. E, olha, foi meio estranho escrever 1 do lado do Brasil e 7 do lado da Alemanha. O traço é quase o mesmo, mas a curva para esquerda do 7 significa uma Copa perdida. Bem perdida. Com requintes de crueldade. Micaço. Mas só no campo, né? No último texto que escrevi aqui, eu tinha consciência de que o país pagaria micos durante o mês da Copa, mas nem no pior pesadelo imaginava um desastre como o que aconteceu na semifinal. Pelo menos, minhas previsões pessimistas não se confirmaram. O Brasil todo virou uma festa. Nós, os donos da casa, nos esforçamos para agradar os visitantes. Eu nunca tinha ouvido tanto portunhol. Ainda na primeira fase da Copa, ouvi, no ônibus, o trocador ajudar uns chilenos: "tem que complar o inglesso na flente de la igleja". Ao ver a cara de desespero dos turistas, me levantei e fui ajudá-los. Em inglês foi mais fácil, e eles conseguiram descer no ponto certo para embarcar na van que leva para o Corcovado. E essa não foi a única vez... A Copa foi um turbilhão de emoções - como esquecer aquele jogo bizarro contra o Chile? Quantas histórias curiosas... A família dos seis dedos, uma mordida, uma joelhada, mil teorias da conspiração,
o inglês bêbado há dias com a mesma fantasia, as comitivas de argentinos que vieram de carro, não tinham onde dormir e tampouco compraram ingressos para as partidas. Mas o que valia era estar aqui, no centro do mundo. E a megaquadrilha internacional de cambistas desbaratada pela nossa Polícia Federal? Logo no Brasil! Quanta ironia... Agora só restam as lembranças do que a Copa foi e do que poderia ter sido. Na próxima vez que acontecer aqui, a gente nem sabe se vai estar vivo para contar a história. Essa semana, meio de ressaca, a gente foi voltando para a realidade, meio que se reacostumando à rotina. E ela não falha: só hoje, um avião com 295 passageiros foi derrubado por um míssil, a guerra entre Israel e Palestina parece ter entrado numa das piores fases e aqui no Rio uma mulher morreu ao levar um tiro na cabeça em plena luz do dia, num dos endereços mais cheios de pompa da cidade. E vamos à luta, driblando o caos, aplaudindo o pôr do sol... Esse ano ainda tem eleição. Eita, 2014! Deixa a gente respirar. Copa, saudades!

Um comentário:

Gugu Keller disse...

A vida é um sobe-e-desce em zigue-zague.
GK

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