quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Não sei

Já me disseram que o momento na vida em que se atinge a plenitude é quando não existe mais a vergonha em dizer "não sei". Neste mundo tão competitivo, em que a toda hora somos postos à duras provas, reconheço mérito na pessoa que para e responde, com uma calma absurda: "não sei". Mas não sei se concordo com esta teoria. Não sei. Pronto. Saiu fácil e natural. E eu sei que estou muito longe de alcançar alguma plenitude existencial.
Já na infância aprendemos que o "não sei" é quase proibido. Quando a professora faz uma pergunta em sala, ai do aluno corajoso que responder que não sabe a resposta. Por isto existe aquele pânico generalizado nas salas de aulas quando a professora começa a querer fazer perguntas direcionadas a certos alunos. Quando fazemos as primeiras provas, logo aprendemos que não se deve deixar uma questão em branco. "É melhor enrolar ou inventar alguma coisa, só para a professora ver que você não é preguiçoso e pelo menos tentou", dizem os pais. Pais estes, coitados, que passam por provas de fogo quando os filhos entram na fase do por quê. Mesmo para as perguntas mais embaraçosas dos pequenos, que ainda não estão na hora de ser respondidas, ou para aquelas que os pais simplesmente desconhecem a resposta, existe uma saída. Nem que seja "Não sabe isso? Vai procurar no dicionário, o pai dos burros". O cara de pau do pai não sabe a resposta e ainda ofende a criança. Se bem que agora os pais devem mandar os filhos procurarem no Google. Se o dicionário é o pai dos burros, o Google é o pai do quê?
Não sei. Me rendi. E vivo me rendendo... Assim até pode parecer acômodo, mas, no meu caso, o "não sei" vira um incômodo. Incômodo a ponto de eu não conseguir fazer mais nada até que o "não sei" se torne um lindo e seguro "eu sei". Nem sempre é tão fácil quanto abrir o Internet Explorer e digitar uma meia dúzia de palavras na caixinha do Google, mas devagarinho vou aniquilando meus "não seis" - e adquirindo alguns novos para a minha coleção. Até, de repente, não sobrar mais nenhum. Será? Não sei.

3 comentários:

João Miller disse...

legAL. não sei nem o que comentar

Anônimo disse...

nem sei o que te falar.

Carlos Pinto disse...

Pois eu sei, não sabe, vai pesquisar pra saber, e poder dizer agora eu sei. Bjs

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