Lá em março escrevi sobre o último primeiro dia de aula. E agora um arrepio atravessa a minha barriga toda vez que penso que, pois é, acabou mesmo. Não que eu já tenha um diploma na mão, pior ainda, esse semestre vai ser dedicado somente à monografia. Perspectiva terrível para quem, em quase quatro anos de faculdade, aprendeu - ou pelo menos foi ensinada - a escrever da forma mais sucinta possível. Inevitável é, neste momento em que o quase é tudo e o tudo é um quase, não pensar no que vai ser daqui para a frente. Acho que ainda não estou preparada para lançar mão dos intervalos matinais nos pilotis da PUC para ir à academia ou então para ficar em casa, sentada em frente ao computador, esperando a sacada mais genial de todas para escrever a monografia. A agonia também se mistura a uma sensação de vazio, estranha, que não sei definir, como se eu percebesse que podia ter feito valer a pena alguns momentos que passaram batido. Devia ter frequentado mais as festinhas de quinta-feira nos primeiros períodos, devia ter levado mais a sério as aulas de teoria da comunicação, não devia ter deixado alguns trabalhos que poderiam ter sido mais interessantes para a última hora... Mas esta é a agonia para os próximos meses, sem contar que ainda vou ter que definir minha música da formatura, um vestido que não fique totalmente amassado embaixo da beca, em qual lugar vou comemorar este grande dia... Tudo para não pensar na agonia maior de todas, aquela que, tenho certeza, vai aparecer no dia seguinte à formatura. Deve ser uma angústia parecida com a do dia seguinte à minha formatura do colégio, mas dessa vez não tem vestibular. Não sei se isto é bom ou ruim. Só me lembra que, aquilo por que tanto esperei, a vida adulta, já arregaça as mangas em frente à minha porta e se prepara para bater. E não suave. Um toc, toc, toc decidido e impaciente, que não vai me dar chance de não abrir a porta. Sinto que, de uma hora para a outra, vou ter que virar adulta, mesmo ainda me sentindo a menininha que, no McDonalds, não se decide se vai querer cheeseburger ou nuggets e sundae de morango ou chocolate. Em uma virada dos ponteiros do relógio, não vou poder mais errar. A estagiária atrapalhada e a aluna relapsa vão dar lugar à profissional perfeita? Obviamente, não. E o pior é que não tenho nenhuma pista sobre quando isto vai acontecer - e se vai, um dia, acontecer. Por enquanto me agarro ao quase, um último fiapo de certeza da vida, sentindo que daqui a bem pouco tempo certeza vai ser uma coisa bem rara para mim.
3 comentários:
Má,
Não se preocupe. Nós sempre achamos que nunca estamos preparados para enfrentar uma nova fase. O desconhecido nos assusta! Vá em frente!!! Que tudo irá dar certo!! Bjs
que agonia, que agonia... ainda faltam 3 períodos pra mim, mas, por alguma razão, sinto q, antes de estar preparada, vou me deparar com um diploma na mão e nenhum emprego, só com a perspectiva de estudar dia após dia, tanto quanto eu conseguir, para passar num concurso. outro dia também tive meio pânico de fim de faculdade, pensando se eu não devia ter feito intercâmbio, se eu não devia ter feito grupo de estudos, se eu não devia voltar pra vida de escritório, se eu não devia tentar empresa... tô meio apavorada, confesso. meu sonho era dar FF até a data da posse, quando, pelo menos, alguma certeza (e algum salário) eu vou ter.
Nossa fiquei toda arrepiada... tenho evitado pensar nisso .... no ih agora ??? lindo texto Má. Sensível como sempre.
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