Uns podem achar que escrevo com sete anos de atraso. Mas isso não tem a menor importância para mim, porque só agora, em 2011, que eu posso dizer "sim, eu assisti a todos os episódios de Friends!". E, sim, estou inconsolável, ainda, literalmente, tentando secar as lágrimas que teimam em saltar no meu rosto, mesmo já tendo desligado o DVD há uns dez minutos. Então resolvi escrever para me despedir desses personagens - que desde dezembro passado se tornaram pessoas bem verossímeis para mim - e me redimir pelo nosso encontro ter sido tardio. Não que eu só tenha conhecido Ross, Phoebe, Chandler, Joey, Monica e Rachel sete anos depois deles terem 'deixado de existir'. Impossível. Primeiro os conhecia de nome, mas relutava em saber um pouco mais sobre os novaiorquinos vintões - e logo depois trintões - que faziam sucesso por conversar num café meio cafoninha. Até que os testemunhos foram se tornando cada vez mais frequentes, e numa zapeada ou outra eu acabava topando com o Central Perk e assistia. Gostava, mas não ao ponto de viciar ou arranjar os boxes com DVDs das temporadas, acho que era por conta das risadinhas que pareciam, mas não eram enlatadas. O tempo foi passando - e a essa altura a série nem existia mais, mas continuava passando insistentemente na Warner - e nos idos de 2007 eu me vi dentro de um grupo de sete amigos, um a mais do que no grupo original do Village, mas que de algum jeito se assemelhava aos Friends da TV, de um jeito inexplicável ou mesmo um tantinho forçado por integrantes que já eram viciados na série. Eu gostava de ter os meus 'friends reais' e não teve jeito, me apaixonei pelos 'friends da televisão' assim que peguei emprestado o box com a primeira temporada da série. Como não querer ser um deles? Como não querer circular por Nova York com um café quentinho na mão falando besteira? Como não pensar, por um momento que, se a Rachel agiu daquela forma, por que eu não posso fazer do mesmo jeito? É enxergar Joey nos momentos em que um amigo 'dá uma de Joey'. É pensar "nossa, o que acabei de fazer foi total Phoebe'... É discutir seriamente com as amigas que uma tem mais características da irmã do Ross, enquanto a outra tem quase o mesmo perfil da namorada do Ross - e ficar feliz porque para mim sobrou a Phoebe, a maluquinha de coração bom, igualzinha ao que eu queria ser na minha vida real. É gastar horas pensando com meus botões como a Monica conseguiu emagrecer tanto e mesmo assim continuar comendo guloseimas, não fazer academia e, ainda assim, perder mais e mais peso durante os dez anos em que esteve no ar. É achar o máximo que a Jennifer Aniston e a Courtney Cox tenham virado melhores amigas na vida real e se tornado vizinhas. É sentir pena do Matthew Perry por ele ter sido viciado em drogas e mesmo assim conseguido levar um personagem tão primoroso por uma década. É ter a certeza de que, se eu esbarrasse por aí no Matt LeBlanc iria correndo dar um abração nele. É iludir-me por pensar que as coisas poderiam ser como na ficção, e encarar que a vida real é bem mais complicada, porque os problemas não podem ser resolvidos só com um abraço forte e um grande jantar no apartamento da Monica.
Não foi atraso. Assisti à série já na casa do 20 certamente me fez melhor do que se tivesse começado o vício aos 10, 11 anos de idade. Seria uma garotinha das Laranjeiras sem achar graça nos melindres vividos por aqueles simpáticos marmanjos americanos. Hoje sou uma vintona crente de que estou na melhor fase da vida, com praticamente uma década inteira para aproveitar - e gargalhar. E, se quando eu mudar de década ainda estiver solteira, vou tentar pensar na Phoebe e me acalmar. Sorte minha ter conhecido esses amigos de Nova York. Mas no fundo sei que nem se compara à sorte que é ter feito amigos de verdade tão reais, que nunca vão ser ficção. Antes que eu comece a chorar de novo, vou logo para o Submarino tentar comprar o box de Friends por um preço não tão exorbitante. Acho que vou ficar mais tranquila sabendo que posso vê-los a qualquer hora, e que eles estarão ali inseparáveis para sempre numa caixinha, no meu quarto.
7 comentários:
Friends é a melhor série que existe, e eu também agradeço pela sorte de ter visto bem depois do estouro, já com mais idade pra entender e se projetar nas histórias. Me lembra as madrugadas com meu irmão, assistindo um CD por noite, que dirá dois, quando o dia já tava pensava em amanhecer e a gente tava lá, embasbacado pela genialidade do roteiro, do humor irreverente, muito diferente do que clamam as risadinhas artificais em outras séries americanas e nessa não. Me lembra correr por comprar os boxes antigos, depois que assistiamos ao anterior, antes que os boxes novos pudessem estragar o padrão da nossa coleção. E me lembra também a minha vontade de levar meus amigos para um coffeehouse só nosso, com um sofá esperando, em pleno Rio de Janeiro, sempre que desse vontade de se encontrar pra conversar. Mas aonde? Todos deveriam assistir Friends uma vez na vida. E eu tenho preconceito com quem não gosta.
Eu não gostava na época em que meu irmão via direto, eu devia ter uns 9 anos. Mas na transição de Sony Para Warner, no ido ano de 2001, me viciei e até hoje paro para rever momentos de Ross e Rachel sempre que está passando!
Aaah, q bonito... Eu tb vi tardiamente, só ano passado... Mas me viciei tão bizarramente q vi as 10 temporadas em 1 mês! Tb me identifiquei mt (afinal, eu sou a amiga do post q supostamente se parece mais com a namorada do ross), e, tal qual joao (q parece o chandler), tb queria meu próprio central perk! Alguém devia ir morar sozinho...
Má,
não conheço a história dos Friends verdadeiros, acredito que deva ser muito engraçada, porque eu ria das suas risadas!! Me emocionei com seu texto pq acredito que a relação que vocês tem de amizade no grupo de vocês é real, e não ficção.
Bjos
Os Friends "morreram" mas a amizade linda de vcs perpetuou-se. Bjs
Marcela, eu sou viciada em Friends! Comprei a caixa com as dez temporadas no site do Ponto Frio beeem mais barato! É realmente ótimo poder ver vários episódios direto... compre e aproveite!
Postar um comentário