O ceticismo hoje pouco me importa. A família já está toda pronta, os de longe vieram, as crianças nasceram e o bolo de nozes está pronto. A mesa não mais comporta todo mundo. Hoje é dia de Natal de filme. E sem perecer do espírito procurando os visgos e a neve, o calor já físico junto ao humano dessa edição derreterá as crostas mais condensadas que se formaram num ano de trabalho. Caberá a foto para depois explicar todo o resto.
Aquela história ficou para hoje. E também as conversas que falarão de tudo menos do clima. À mesa as mães mais novas trocarão experiências de primeira viagem. Ao chão as novas crianças se conhecerão melhor, enquanto as velhas crianças lembrarão de como eram os antigos Natais. Em meio a embrulhos e plástico bolhas, os presentes. Toda hora uma risada alta, como se em coro rissem o que esperavam rir desde o começo do ano, ou desde o último encontro. Saindo do elevador já dá pra escutar.
Casa cheia. É porque hoje vai dar para todo mundo vir, ou quase todo mundo. Digamos que 99%. As gerações inteirinhas de filhos, netos e bisnetos. As travessas de comidas esperando andar a fila de quase trinta. As mesinhas de abrir para as crianças servirão também para os adultos. Ou ainda para quem ainda se vê criança. O velho copo clássico da família hoje vai ser disputado, assim como a salada de frutas e o beijo da vovó. A Zelina estará na cozinha para quem precisar de alguma coisa, tais quais os quartos lá de dentro. Quem não pode vir hoje está sorrindo nos porta-retratos.
O tempo voa tanto que as crianças vão crescendo no próprio dia de Natal. Houve engano no presente, ela já está uma mocinha. E ele não gosta mais de piratas, seu negócio é economia. O Papai Noel da mesinha se esforça para cantar 'I Wish You a Merry Christmas', mesmo que desejando agora com uma voz desafinada, depois de anos. As namoradas e cônjuges logo se vê que já são de casa. Irão notar que tem uns que são a cara de outros, parecem mais com primos do que com irmãos. Mas tem alguma coisa que todo mundo tem igual. E ainda assim vovó não irá trocar o nome de ninguém.Casa cheia. É porque hoje vai dar para todo mundo vir, ou quase todo mundo. Digamos que 99%. As gerações inteirinhas de filhos, netos e bisnetos. As travessas de comidas esperando andar a fila de quase trinta. As mesinhas de abrir para as crianças servirão também para os adultos. Ou ainda para quem ainda se vê criança. O velho copo clássico da família hoje vai ser disputado, assim como a salada de frutas e o beijo da vovó. A Zelina estará na cozinha para quem precisar de alguma coisa, tais quais os quartos lá de dentro. Quem não pode vir hoje está sorrindo nos porta-retratos.
A sala não tem mais ângulo para a foto. A última de Natal com a família completa foi em 93. A sala haverá de ter ângulo. Crianças vão para os colos, os maiorezinhos ficam no chão. Galalaus para trás. Cadeiras para quem já tem netos ou quem descansa dos filhos. A câmera aponta, pede que reúnam-se e não digam nada. Os choros não acionam, os sorrisos brotam, o futuro espera. Um Feliz Natal para todos. Flash!
update: A foto acabou sendo na rua, olha só.
Um comentário:
muito lindo.
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