O que esperar de um ano fadado à desgraça? Um ano que, alguns acreditam - e a indústria cultural se aproveitou bastante disso - nem vai chegar ao fim, porque o fim vem antes, sorrateiro e destrutivo. Bobagem. Eu sou uma pessoa centrada, tento viver com os dois pés na realidade (tento, não disse que consigo), não acredito em fim do mundo - pelo menos por enquanto. Mas, mesmo sabendo que ainda faltam vários meses para começar 2013, é difícil não enxergar algo, mesmo que bem pequeno, de ameaçador neste ano que se inicia. O sertanejo universitário conquista o mundo? Gal Costa lançando um funk com Caetano fazendo um rap? Fátima Bernardes não apresenta mais o Jornal Nacional? Só um jogador brasileiro de futebol está na lista dos melhores da Fifa? Só pode ser 2012! Coitado do ano, aterrorizante para alguns, objeto de pena para outros. Em seus primeiros dez dias, 2012 me pareceu bem comum. Nos jornais, as mesmas histórias lidas em todos os janeiros, além das repercussões de fatos vividos no finzinho do ano passado. Na TV, a estreia do Big Brother prometida para a segunda terça-feira do mês e a saraivada de informações sobre os participantes da nova edição nos dão um alento, uma certeza de que tudo continua igual. A verdade é que, por mais suspiros de realidade, todos já imaginaram como vai ser ou o que farão no dia 21 de dezembro, a tal da data que os maias profetizaram o fim da humanidade. Eu acredito plenamente que o dia vai ter 24 horas, o sol vai nascer no leste, mesmo que encoberto por nuvens, pessoas irão à praia, outras terão mais um dia cheio de trabalho, muitas outras lotarão os shoppings para fazer as compras de natal, milhares de bebês chegarão ao mundo trazendo otimismo para novos pais... Porém, algumas pessoas, aquelas influenciadas pela mídia ou as desconfiadas por natureza, tipo eu, vão tentar fazer com que o dia transcorra o mais natural possível, mas, pelo menos uma vez a cada hora, vão lembrar da profecia maia e sentir um pequeno desconforto no estômago, mesmo que tudo ao redor soe calmo. Quando o relógio marcar 13h aqui no horário de Brasília, esses paranoicos tipo eu vão pensar: "Hmmmm, no Japão já é dia 22, será que já dá para ficar tranquilo? Se bem que os maias viviam mais para cá...". Até que alguma coisa mais real espante os pensamentos, que só vão retornar à mente algumas horas depois. Também não consigo deixar de pensar se algumas pessoas vão se desesperar a ponto de sair correndo pelado na rua, achando que o mundo vai mesmo acabar. A música do Paulinho Moska vem logo à minha cabeça, e eu imagino uma espécie de videoclipe, com o calendário marcando, óbvio, o dia 21 de dezembro de 2012. Isso também não deixa de ser uma brincadeira legal para quando faltar assunto em uma mesa de bar com os amigos. "O que você faria se confirmassem o fim do mundo em 2012?" Situações loucas apareceriam, e os paranoicos não se aguentariam dentro de si ao imaginar o fim de tudo. O breu total. Secariam as gotículas de suor nas têmporas com um guardanapo, pediriam uma água com gelo ao garçom e tratariam de mudar o rumo da prosa. Talvez eu fosse uma dessas pessoas...
Repito: não acredito em fim do mundo. Mas garanto que, se acordar no dia 22 de dezembro de 2012, darei uma suspirada de alívio. Por enquanto, deixo para me arrepiar só quando o calendário estiver bem próximo do temido dia 21.
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