quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Quanto vale o Chico?

"Porém você diz que está tipo a fim de se jogar de cara num romance assim tipo pra vida inteira"
Nem nos meus remotos sonhos - lá pelos idos de 2003, 2004, que foi quando eu resolvi assumir que gostava de Chico Buarque e já ansiava pelo dia em que babaria ao vivo pelo charmoso senhor de olhos verdes sentadinha em uma plateia - imaginei que seriam versos como estes escritos aqui em cima que eu escutaria na primeira vez em que eu estivesse frente a frente com um dos meus ídolos. Mas, infelizmente, é para isso que me preparo desde o meio deste ano, quando o Chico lançou o CD "Chico". Boba fui de não ter ido ao show do "Carioca", em janeiro de 2007, escutar ao vivo a já clássica "Ode aos ratos", uma das minhas favoritas. Quando soube, no começo do ano passado, que, apesar dos boatos que davam conta de que Chico não voltaria mais aos palcos, ele entraria em estúdio para gravar um álbum novo, me enchi de esperança. Não porque poderia me deliciar com novas canções buarquianas no iPod, mas porque sabia que não ia ter mais desculpas para não vê-lo cantar ao vivo. Embora ninguém mencionasse uma turnê ou pelo menos um show com o disco novo, eu sabia que o meu ídolo tímido não poderia escapar da ribalta. E não me contive de ansiedade para ter logo o CD novo nas minhas mãos. Ah! Esta frase é só uma metáfora, já que há alguns anos eu não desembolso nem R$ 5 por um CD. Baixo mesmo, sem dó e sem vontade de entrar em discussões sobre ética e etc. Então, depois de esperar muito e de acompanhar o site que disponibilizava vídeos das gravações, consegui baixar o "Chico" inteirinho. Ouvi a primeira vez e nenhuma música me tocou, nem fundo e nem superficialmente - como costumam ser as músicas do irmão da Miúcha. Mas tudo bem, ouviria outras vezes e com certeza enxergaria beleza ou, pelo menos, algum charme ali naquelas dez letras acompanhadas de suas melodias. Foi difícil, mas acabei notando uma graça em "Se eu soubesse" - minha predileta do álbum -, "Nina" - talvez por ser o nome de uma das minhas melhores amigas -, "Essa pequena" - porque o sessentão Chico escancara a paixão pela jovem e promissora cantora dos cabelos cor de abóbora - e "Sinhá" - porque um amigo me alertou sobre a beleza meio escondida que a música carrega. Já é quase a metade do CD, as outras seis continuam no iPod, mas sempre que começam a tocar eu passo para a próxima. Só que, para mim, o CD não é simpático. É tipo preto e branco, assim como a capa dele. Aliás, o uso do "tipo" em "Tipo um baião" me irritou muito. É claro que, vindo do Chico, a gente pode interpretar tudo. De uma crítica ferrenha ao modo de falar dos anos 2010 até um deboche ou uma coisa meio "velho babão" de querer se aproximar da linguagem jovem. Eu acredito mais nas duas primeiras suposições, mas, vai saber...
Quando anunciaram que a turnê do "Chico" passaria pelo Rio em janeiro de 2012, a desempolgação com o disco deu lugar novamente à esperança. Pô, é um show, ele tem que pelo menos tocar um sucesso mais antigo... Eu estava bem empolgada até hoje, quando divulgaram os preços para assistir a Chico Buarque. É caro. Mas pô, é Chico! É muito caro. É absurdo. É de fazer chorar. Pela primeira vez Chico Buarque tocou lá no fundo da minha alma. E o triste é que foi por causa do preço do ingresso do show, e não por uma canção arrebatadora. Os preços da entrada inteira variam de R$ 120 a R$320. Graças ao bom Deus a minha carteira de estudante vale até março, então eu pago de R$ 60 a R$ 160. Mas a gente tem que ignorar o valor de R$ 60, já que, se for para pagar esse ingresso, é melhor ficar em casa ouvindo o CD, porque não dá para enxergar nem um pedaço da cabeça do cantor. Já que é para ver o Chico pela primeira - e quem sabe única? - vez, vou tratar de ficar bem sentada, né? Sobram os ingressos de R$140, R$ 150, R$ 160. Quase pensei em desistir. Por honra. Comprar uma roupa e torrar o resto em birita. É muito duro pensar que vou gastar mais ou menos um terço - se contar com o táxi da ida e da volta e umas cervejinhas de consumação durante o show - do meu salário para assistir a um show de um disco que não me empolgou e, muito provavelmente, não ser surpreendida pelo meu ídolo em duas horas debaixo dos refletores. Ao mesmo tempo, acabei de falar, ele é meu ídolo, posso perder a oportunidade de vê-lo e o sonho de entrar no camarim. Sinceramente, não sei o que faço. O Chico vale mil, milhões, bilhões... Mas sacar o dinheiro do meu próprio bolso, que nunca vai carregar milhões, é muito dolorido. Sinceramente, estou dividida. Não sei mesmo o que fazer. E preciso decidir logo, porque os ingressos começam a ser vendidos no sábado e muita gente não vai nem pensar em dinheiro na hora garantir a entrada. Nunca achei que eu fosse passar por isso, mas vou ter que decidir, comigo mesma, quanto vale o Chico.

5 comentários:

João Miller disse...

Pra mim é tipo gastar muito na Kopenhagen, sempre vale a pena!

mariana disse...

vai. você gosta dele; depois, se não for e falarem q foi lindo, você vai morrer de arrependimento pra sempre. na verdade, acho q, mesmo que digam que foi horrível, você vai se arrepender. é ele q vai tá lá, cantando pra você, mesmo q só músicas escrotas.
e, sinceramente, do jeito q as coisas estão, não esperava q fosse ser mt mais barato q isso não.

Luiz Kahn disse...

Não vá! É menos um pra concorrer comigo na fila :D

Sergio Mota disse...

Não pense duas vezes, mesmo que seja um lugar longe. Vale a pena!

Anônimo disse...
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