Faço parte do grupo cada vez maior de pessoas que não largam, a não ser quando estão dormindo ou fazendo alguma coisa realmente interessante, o smartphone. Sejamos francos, embora hoje seja o dia da mentira, eu não largo o meu iPhone - a espécie superior de todos os telefones inteligentes que pairam sobre nossas cabeças, esperando para nos devorar. Admito, com convicção, que minha convivência com o aparelhinho é pacífica, ele não domina a minha vida. Pelo menos é o que eu acho. Embora a perspectiva de perdê-lo seja apocalíptica, porque seria um trauma duplo, em menos de um ano e tal, mas prefiro não me estender nesse papo. Mas enganam-se aqueles que, a essa altura do texto, acham que vou falar sobre a dependência do celular no mundo moderno... Nada disso. O imenso nariz de cera foi só para contextualizar, porque a ideia para o post só pôde surgir porque eu sou dona - e companheira - de um telefone com internet, cheio de guéri-guéri, e, admito, usado aquém da capacidade. Essa história de baixar aplicativo é um pouco angustiante. Como conhecer todos que existem? Vale a pena gastar dois dólares em um joguinho da moda que vai se tornar enjoativo em uma semana? Mas então, para alívio dos mãos-fechadas tipo eu, descobri que um aplicativo que descola, a cada dia, um aplicativo grátis. (Meu Deus!! Existe sinônimo para aplicativo? Em duas frases já escrevi quatro vezes). Achei que minha agonia havia acabado quando resolvi me pautar pelo tal do 'AppGrátis' e só baixar coisinhas (na falta de um sinônimo...) sem custo. É claro que não baixo um novo a cada dia, ignoro os aplicativos que considero inúteis, tal qual o 'Organizador de despesas'. Sou sincera comigo mesma. Como alguém que nem guarda as vias do cartão de crédito vai anotar cada gasto no celular?! Então o HD do meu iPhone é guardado só para coisinhas muito úteis, como o que deixa as pessoas mais velhas, gordas, e os de deformar rostos. E, então, uma oferta de um dia aleatório me chamou a atenção. Ou quem sabe não era uma oferta e eu o encontrei em uma das poucas fuçadas na AppStore? Já não lembro. Só sei que, curiosa inveterada que sou, baixei com gosto o aplicativo 'Lugares', uma abreviação para '1001 lugares para conhecer no Brasil antes de morrer'. Não tenho o livro (existe um livro?). E só folheei na livraria aquele com 1000 lugares no mundo para conhecer antes de morrer. Decepção total foi quando resolvi brincar com um amigo dizendo que minha próxima viagem seria para o lugar em que eu abrisse o livrão. Não deu outra: abri exatamente na página do Rio de Janeiro. Qual era a probabilidade de cair exatamente a cidade em que vivo? Triste! Voltando ao mundo virtual, achei legal a ideia de poder marcar, no aplicativo, os lugares, dos 1001 interessantes no meu próprio país, em que já estive. São restaurantes, museus, cidades, praias, e até bairros. Quando vi que Copacabana estava na lista, fiquei até aliviada. Imagina não ter pisado em nenhum dos 1001? Depois de um bom tempo, cheguei à letra z sabendo que não tinha feito muitos 'pontos'. Mas não deixei de me decepcionar quando vi que, no total, só estive em 116 dos 1001. Entre eles, o mercado público de Porto Alegre, uma das igrejas de São João de Rey, Niterói - tá vendo? Não deixe de visitar Nikiti antes de morrer - a Vila Madalena, em São Paulo, o Theatro Municipal carioca, a Rua das Pedras de Búzios e o Alto Caparaó, entre Minas e Espírito Santo. Paranoica, fiz logo as contas. Se, com 22 anos, só fui a 116 lugares imperdíveis no meu próprio país, preciso viver mais quanto tempo para zerar a lista? 167! Se bem que não tenho muita certeza se fiz a conta certa... Já são anos longe da matemática. Mas, mesmo se minha regra de três estiver errada e, se colocarmos uma margem de erro de 30 anos, eu não vou viver tudo a tempo de conhecer os 1001 lugares maneiríssimos no Brasil. Também porque já se passaram umas três semanas desde que baixei o aplicativo, e até agora não acrescentei nenhum lugarzinho aos meus 116. Ciente da minha impotência, lancei um olhar crítico sobre a lista e percebi que vários itens são forçados, ou melhor, patrocinados. O que vai acrescentar na minha vida uma ida à boate Pachá de São Paulo? E uma estadia no Hollyday Inn Park Anhembi, hotel cinco estrelas na mesma cidade? Prefiro me ater aos destinos turísticos, e constatar que será bem impossível conhecer todos os lugares que desejo. Brasília; a aldeia do Papai Noel em Gramado; a praia de Pajuçara, em Maceió. Ok, qualquer praia do Nordeste já vale. E o encontro dos rios Negro e Solimões (será que a gente ouve 'alô, galera, bate a mão e bate o pé' nessa hora?) no Amazonas; fazer aquele mergulho espetacular em Bonito, no Mato Grosso do Sul, e de quebra ainda conhecer a gruta em que filmaram a novela 'Alma gêmea'... Tomar um sorvete na Ribeira, em Salvador; comer um milho numa festa de São João em Pernambuco... Visitar o Jardim Botânico de Curitiba... e até Parati, a poucos quilômetros do Rio. Uma constatação: preciso de três empregos, três férias por ano. E isto só pensando no Brasil. Porque também preciso conhecer a Europa, a Califórnia... É estranho tentar não se frustrar com a certeza do fracasso, não?
Em tempo: enquanto escrevia e dava uma olhada do 'Lugares', percebi que tinha deixado passar batido um dos itens. Já provei Guaraná Jesus! Tudo bem que não foi em São Luís, mas vale. Já conquistei 117! Quem sabe não desisto da lista...
2 comentários:
eu baixei o de despesas, eu assumo.
ah, e nao achei esse app 'lugares', fiquei curioso
tb fiquei com curioso com o guéri-guéri... programinha,...ok: aplicativo. bjs
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