quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Devaneios de fim do mundo

Li num desses sites de humor que Jesus não vai deixar o mundo acabar porque seria muita sacanagem explodir tudo faltando apenas quatro dias para o "niver" dele. Mas, pera aí, a pessoa não cansa de fazer aniversário mesmo quando já passou de 2011 anos? O que sei é que falar sobre o calendário maia está na moda e, como sou jornalista, hoje me peguei escrevendo sobre a possibilidade dos seres humanos terem contato com extaterrestres em um futuro não muito distante. Não tem como não se alarmar. Vi em algum canto do Facebook que, se a gente já sobreviveu ao bug do milênio, às previsões furadas de Nostradamus, à encarnação do demo no dia 06/06/06 e à perigosíssima mistura de manga com leite, também vamos passar ilesos nesse tal 21/12/2012, o derradeiro dia do calendário dos maias. Curti. Mas a minha porção neurótica faz com que uma pequena parte do meu cérebro já tão pragmático acredite que o planeta possa mesmo estar derretendo ou então diminuindo, diminuindo, até ficar pequenininho do tamanho de um botão. Assim, por escrito, me sinto uma idiota - olha aí o pragmatismo -, só que os acontecimentos desse mês têm contribuído para que eu pense que vai tudo pelos ares na próxima sexta-feira. Dezembro foi sempre assim? Correria, trabalho acumulado - tudo por seis dias de folga -, inúmeras idas ao shopping lotado, celular roubado, dinheiro dando tchau bem antes do dia 15, criatividade escassa para comprar presentes baratos e originais, confraternizações a toque de caixa... Sem falar do calor que me deixa com asco das calças jeans às 8h. Tá, sempre fez muito calor em dezembro. A diferença é que nos outros anos eu podia me refrescar na praia tomando um sorvetinho calórico. Hoje, fico presa em uma redação, mal tenho tempo de sentir "cheiro de final de ano" e sigo uma dieta na qual posso me deliciar com um sorvetinho light que mais parece um pedaço de isopor coberto por uma rubra camada de anilina com adoçante. Aliás, esse negócio de fim do mundo não está me deixando entrar no espírito natalino. Nem o shopping me ajuda: o Papai Noel é magro, sem viço nas bochechas, e a decoração tem um elefante que mexe a cabeça e urra a cada três segundos. Quem foi o gênio que sacou que elefante combina com Natal? Já entendi tudo. O mundo não vai acabar. Quem vai acabar sou eu. De cansaço... Escrevendo, percebi que não aguento mais 2012. E, tentando fazer uma retrospectiva superficial, vejo que foi um ano bom. Cresci. Levei vários tapas da chamada "vida adulta". Mas cansei... E tenho certeza de que quem está lendo esse texto também já se cansou dele. Algumas pessoas acreditam que, no dia 21, os planetas vão se realinhar e a Terra vai entrar numa nova dimensão, uma nova vibe. Será mesmo? Eu acredito que os shoppings estarão abarrotados, os termômetros cariocas marcarão quase 40º C e que terei vontade de explodir quando o despertador me acordar com a calma de sempre. Quando chegarmos, enfim, ao dia 22, quem sabe eu não relaxo e começo a me deixar envolver pelo espírito natalino? Enquanto isso, fico aqui, me perdendo entre os devaneios de fim dos tempos e as agruras do começo da jornada no mundo dos maduros. Ainda dá tempo de voltar a acreditar em Papai Noel bochechudo?

Um comentário:

Anônimo disse...

Papai Noel magro é o sinal do fim dos tempos

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