quarta-feira, 26 de junho de 2013

Roupa breve

Nós jovens hoje estamos de roupa nova. Queremos ser os jovens que vão para as ruas, já que somos nós os jovens de hoje. Estamos ávidos por poder mudar, dizer que mudamos, dizer que estivemos. Somos jovens porque podemos começar a cabeça do zero, desde o momento que a sentimos e para assim verbalizar o que ninguém pensou. Pois é, queremos dizer o não dito. Dizer que dissemos. Porque assim também transformamos. Ora, se são os jovens os que tem fôlego. Teremos mais e mais. Até transformarmos. Nós somos o meio do caminho, a outra metade a gente crê que avista. Mas ela ainda está longe. As vezes parece perto, mas não sei não. Meu medo é que roupa nova canse, ou se gaste de pouco a pouco. Não sei, por medo de gastar mesmo. As vezes sei que nem se usa. E tem quem vista para ser visto. Roupa legal é roupa curtida, legal por ter durado. É que nós jovens não duramos. Até duraremos, mas por ora não duramos tanto. Acho que é coisa de hoje. Talvez precisemos reinventar a noção de tempo. Fazer do tempo mais tempo - como ontem dizíamos dos tempos de hoje. Fazer das ideias mais jovens. E digo jovens quando elas são nossas, genuínas, quando pensamos. Quando elas nascem. Como nossos filhos nascerão. E falando neles, que sejam livres e fartos. Eles e suas ideias. Fartos de terem tudo. Esse é o caminho das coisas. Nós queremos não ter tanto para dar tudo aos seguintes. Aí sim nós teremos. Então que voltemos a ser jovens. Com a roupa que usamos, os argumentos que temos. Poucos mas precisos. E vontade vindo do fundo, borbulhando. E essa é rara, e se parece com uma outra. Jovem as vezes tem vontade que passa. E passa mesmo. Mas vamos voltar a ser os mesmos, como os jovens que já foram. E que os jovens que vierem, sejam como somos.

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