domingo, 12 de janeiro de 2014

Possuída pelo ritmo

"Olha lá quem vem virando a esquina vem Diego com toda alegria festejando...". Conseguiu reconhecer essa belíssima letra? Se você não era pré-adolescente no comecinho nos anos 2000, pode ser difícil mesmo, mas eu refresco a sua memória. Esses versos abrem a canção Ragatanga, sucesso teen quando eu tinha 11 ou 12 anos. Não vi Menudo, mas vi Rouge. Longe de ser uma fã histérica da banda formada num reality show do SBT, eu admito que, na época, comprei o CD - que tinha purpurina na embalagem plástica, um luxo - e afirmo sem sombra de dúvida que Ragatanga é a única música que eu consegui decorar a coreografia. Não inteira, mas pelo menos a parte do refrão. E lembro dela até hoje. Resgatei o Rouge mais de dez anos depois do auge do grupo porque na última sexta-feira fui a uma festa cuja sinopse era: "o melhor (e o pior) das boy/girl bands, muito axé - micareteiro old school, funk antigo da época do nauru, músicas eternas dos anos 80/90". Apesar de não ter a mínima ideia do que é "nauru" - e continuar na ignorância mesmo depois da festa - eu fui, e muito animada, já que me amarro numa onda nostálgica-kitsch. Me divertir horrores, apesar do calor intenso. Não tinha ar condicionado e o verão não tem sido fácil para os cariocas. Lado bom: perdi algumas calorias, repostas de imediato com cerveja. Mas uma coisa me impressionou bastante, e aí você entende porque abri o texto com a música mais famosa do Rouge. Acho que uns 80% da festa sabiam todas, mas todas mesmo, as coreografias das músicas brilhantemente eleitas pelos djs. Eu posso assegurar que sabia muitas letras de cor e salteado mas, em termos de coreografia, só pude me exibir quando, pelos alto-falantes, Diego virou a esquina com a roupa de água marinha e o jeito de malandro. Eu fiquei boquiaberta. Tocou É o tchan, Molejo, Kelly Key, Deborah Blando, Spice Girls, NSync, Negritude Junior, Britney, Backstreet Boys... E a galera lá, emendando uma dancinha na outra. Uns eram tão empolgados e mandavam tão bem que arrancavam aplausos. Eu aplaudi. Mas também pude perceber que os coreógrafos dos anos 90 não eram nada criativos. Era um tal de braço para a frente, mão na cabeça, mão na cintura, movimento aleatório com os braços e palminha que eu até aprendi mais uma: a de "Adoleta", da Kelly Key. Eu fui uma criança muito desajeitada, vivia tropeçando, esbarrando nas coisas, ralando o joelho. Na verdade, sou assim até hoje, e sempre soube que aprender coreografia era demais para mim. Nunca subi numa daquelas máquinas de dança que tem em shopping. Sem ressentimentos. Mas, agora que consegui acertar uns passinhos sem meter a mão na cara de ninguém, já estou empolgada para a próxima festa desse tipo. 

Me acompanha? Relembra aí a coreografia de "Ragatanga":

        

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