Faça um blog

De dois anos pra cá, se eu contasse que algo mudou exceto os livros que eu li e as pessoas que eu conheci, diria que também a minha forma de pensar. Mais especificamente de pensar o 'agora'. Tudo por causa desse lugarzinho aqui. Chegava em casa com aquele vislumbre do que eu pensei na cabeça e misturava com o antigamente, de quem também sou muito íntimo. O agora já virava ontem, tal qual o ontem agora. E nesse emaranhado nascia um post, pra posteridade e, principalmente, pra quem quisesse ler. Brinquei com o tempo. Me permiti quebrar seu zelo e ser livre com a ordem cronólogica dos meus pensamentos. Bem aqui nesse blog que hoje completa dois anos.
Isso é mais ou menos o Cena Seguinte pra mim, que começou sem esperança lá no finzinho de 2007 mas que só nasceu de verdade em 2009. Nasceu graças a um empenho magnífico de Marcela, a outra que vos escreve. Quando se viu na empreitada de criar um blog, procurou o site e lá estava ela cadastrada como coautora numa ideia longínqua minha, já toda empoeirada. Ressuscitou pedindo permissão para usá-lo como extensão do seu 'agora', e treinar seu ofício de jornalista. Não só permiti como me meti na sua jogada.
Descobri que ter um blog era muito mais simples do que minhas tentativas frustradas anteriores. Na adolescência, no estopim da blogosfera, esse papo todo de ser cool tendo blog me convencia. O meu primeiro site pessoal, com a inicial do meu nome no endereço, era um metido a engraçado e claramente plagiado dos que faziam graça com mais sucesso do que eu. Não satisfeito incrementava com enquetes, concursos, mural de mensagens, tudo isso para uma ínfima média de 9 leitores semanais. Ainda assim eu prometia ser diário, trazer graça dia após dia, ser constante, mesmo que me valessem horas perdidas de estudos. Fracassei e o blog morreu com menos de seis meses. Anos depois, numa atmosfera talvez mais lírica, criei outro blog com textos "profundos", dessa vez sem promoções nem concursos. Entretanto a velha promessa que valia mais pra mim mesmo: escrever com uma frequência quase militar. Criei logomarcas, identidade visual, um título instigante. Falhou mais cedo do que o primeiro.
Quando tive a ideia de criar o Cena Seguinte tinha acabado de me formar na escola, e talvez receoso com a mudança de trilhos do grupo de amigos, chamei Marcela pra ser coautora numa proposta que nem lembro direito. Lembro só que fiquei mais interessado em explorar o design do que qualquer outra coisa. Um ano e meio depois já completamente esquecido parecia-me que postar textos era bem mais simples e prazeroso. E continua sendo.
Descobri depois de tanto a verdadeira graça, que está em justamente saber brincar com o tempo. Um blog para mim merece ser alheio a qualquer introversão temporal, qualquer tipo de regra. Tem que ser fantástico para você e só para você tornar bonitos os seus pensamentos. Como se uma folha de papel flutuante e digital registrasse tudo de mais legal e triste em coisa boa, aí sim fácil de mostrar pra quem você gosta. Continuo portanto escrevendo assiduamente, esperando que não se acabe nunca isso aqui.
E pra terminar meu "post-merchan", parabéns ao Cena Seguinte por ter chegado até aqui. E obrigado a todos que, mesmo poucos, sei que leem sempre, mesmo os que não comentam - que tal fazer esse agrado só hoje? E um obrigado maior ainda a Marcela, o outro suporte, diria que o maior desse blog aqui. Agindo em dupla, como sócios, no nosso bem virtual, sempre em frente. E assim foi sendo até agora, nesse que soma meu quadragésimo segundo post, sem concursos, sem enquetes e sem ensaios. Que venham mais e mais aniversários.