Hoje não é dia de prosa. Vale escrever com requinte, no calor da vontade, de fazer mais de conta, que uma Cena que possa, anterior ou seguinte, ser uma cena que apronta. Resolvi manter o estilo sem jogar pra breves estrofes, de respaldo só a métrica, em um tema que não se descreve, em um tema que não filosofe. Parágrafo em parágrafo, sem fazer desandar a massa, de um jogo de quase três anos, da regra que nos satisfaça.
Hoje é dia de outono, Dia da Terra, do Sono. Sejam os três inverossímeis, num Brasil de calor esgarço, sem cara de que adormece, sem pingos de água de março. Mas veja que pra todo mal, há sempre um mal maior. Já começa a gestação, para os que dizem saber de cor, o dia do juízo final. Pois que sejam nove meses, que em dezembro tudo se acabe, é preciso saber às vezes, o prazo de validade, pra tentar fazer caber, aquilo que ainda não cabe.
Hoje é um dia qualquer, como um outro de verdade. Tem trânsito, fila, até gente de idade, que nasceu pra viver no campo, e ainda vive na cidade. Tem vozes desesperadas, tem tudo quanto é assunto, nas salas de consultório, nas donas descabeladas, nos planos de quem tá junto. Basta que o sol se ponha, e que o vento nao seja forte, no dia que acabe inteiro, da cama de quem só sonha à cama de quem tem sorte.
Hoje é dia de visita, pra quem não dorme no ponto. Pra quem acredita que a vida, além de curta e breve, leve ou nem tanto, seja hoje também a vida, que é de arte e também de encontro. Achados os perdidos, ou ainda os infelizes, que se achem os prometidos, as santas, as meretrizes, os céticos e os desvalidos. Até que se encontre o acerto, no dia do sol que não arde, no dia de tempo aberto, ou antes que seja tarde.
Hoje é um pouco de ontem. Histórias não acabadas, dos tempos em que parecia, que a prosa é que era cantada. Mas saiba que numa homenagem, um brado acidental, foi uma grande viagem, pelo que 'hoje' é afinal. Não entreguei por inteiro, mas trata-se de mais de um dia. Ontem o dia do Blogueiro, e hoje o da Poesia.Hoje é dia de visita, pra quem não dorme no ponto. Pra quem acredita que a vida, além de curta e breve, leve ou nem tanto, seja hoje também a vida, que é de arte e também de encontro. Achados os perdidos, ou ainda os infelizes, que se achem os prometidos, as santas, as meretrizes, os céticos e os desvalidos. Até que se encontre o acerto, no dia do sol que não arde, no dia de tempo aberto, ou antes que seja tarde.
21 de março, Dia Mundial da Poesia
2 comentários:
achei buarquiano, e lindo!
Muito bom! A Faculdade de Letras precisa do teu talendo...
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